Gestão em Saúde
Por: Moises Warszawiak
A evolução dos sistemas de saúde em todo o mundo está levando-os a um mesmo ponto: a necessidade de contenção (e se possível, redução) dos gastos com a assistência médica – hospitalar. Assim, parece haver uma convergência natural para a adoção de mecanismos relacionados ao gerenciamento, que produzam maior eficiência e eficácia nesses sistemas atuando ao nível da microeconomia, tais como : pagamento aos prestadores através da capitação, controle da utilização, co-responsabilização de prestadores e usuários.
A crescente competição de custos no sistema de saúde, tem dado margem à pressões, para melhorar a eficiência da produção de serviços de saúde. Economias a partir de junção de várias funções de negócio na prática médica, têm sido consistentemente demonstradas. O custo para manter um sistema de assistência à saúde vem aumentando devido ao crescente investimento em tecnologia e sistemas de informações caros, seguro de “má”prática e custos de outros materiais médicos.
Alguns custos em elevação têm sido associados com a própria indústria de atendimento gerenciado, tais como cobranças, processos reclamatórios e procedimentos de auditoria.Quando as forças competitivas requerem, tanto às operadoras de planos de saúde como a rede prestadora de serviços de saúde, têm respondido unindo práticas administrativas para obter economias de escala e maior acesso a capital.
ECONOMIA EM SAÚDE
PRIVATIZAÇÃO DO SETOR SAÚDE NO BRASIL
- os serviços de saúde não correspondem às necessidades da população;
- a distribuição geográfica dos recursos é extremamente desigual;
- em algumas áreas existe uso excessivo de alta tecnologia para tratar os efeitos de moléstias preveníveis;
- há uso excessivo e venda liberal de medicamentos;
- há internações desnecessárias, referências a outros níveis e exames supérfluos;
- há excessivo uso e competitividade por exames auxiliares lucrativos e cirurgias eletivas;
- distribuição dos recursos sem mecanismos apropriados de controle; entre outros fatores.
Como conseqüência, os custos dos serviços de saúde estão fora de controle, sendo difícil medir seus benefícios, mesmo a partir de programas específicos. Os incentivos dimensionam-se à especialização: o governo premia procedimentos de alto custo com programas especiais e remuneração diferenciada. As indústrias farmacêuticas e de equipamentos médico – hospitalares seguem essa mesma tendência, também estimulando o desenvolvimento de especialistas, tendência aliás, verificada na própria grade curricular das escolas médicas.As estimativas oficiais apontam de que 95% da população brasileira tem cobertura de serviços de saúde (Del Nero, 1995). Na prática, estima-se que 30% da população não tem acesso a qualquer tipo de serviço de saúde. São os habitantes da periferia das grandes cidades e a população de áreas remotas. Planejamento e controle insuficientes tornam o Sistema Único de Saúde burocrático e ineficaz. A partir da década de 60, são repassadas responsabilidades da assistência médica-hospitalar, que antes era do Estado, também para as Empresas, iniciando assim, a evolução histórica da terceirização no setor saúde.Existem , portanto, ao invés de um Sistema Único de Saúde no Brasil, dois Subsistemas de Saúde: o Público e o Privado.No Brasil existem 56 milhões de vidas cobertas pela medicina privada nas quatro modalidades relacionadas no quadro abaixo, sendo que 75% deste total, têm cobertura de Planos de Saúde Empresariais :
M O D A L I D A D E | 1992 |
1997 |
2000 |
Medicina de Grupo |
15,8 |
17,3 |
25,2 |
Autogestão |
5,1 |
10,0 |
11,0 |
Cooperativas |
9,0 |
9,0 |
14,7 |
Seguradoras |
2,5 |
6,0 |
5,5 |
T O T A L |
32,4 |
42,3 |
56,4 |
CUSTOS COM BENEFÍCIO SAÚDE
CONTROLE DO CUSTO COM SAÚDE
- Custo de Oportunidade : é o custo que representa utilizar um recurso em seu melhor uso. É expresso também como o benefício obtido, ao comprometer os recursos em um determinado programa ou serviço de saúde.
- Análise Custo-Benefício (ACB) : método de avaliação econômica que tem por objetivo identificar, medir e valorizar os custos e benefícios sociais de determinadas ações; a ACB procura avaliar, sistematicamente, todos os custos e resultados associados a alternativas diferentes, para determinar qual alternativa maximiza a diferença ou a razão entre benefícios e custos. A ACB distingue-se dos outros métodos de avaliação econômica por valorizar tanto os custos como os resultados em termos monetários.
- Análise Custo-Efetividade (ACE): método de avaliação econômica teoricamente menos ambiciosa do que o ACB. Distingue-se desta última pelo fato de os resultados ou conseqüências dos programas e serviços de saúde serem medidos em unidades físicas ( por exemplo, anos de vida ganhos ou casos detectados). O método ACE justifica-se quando os benefícios são dificilmente monetarezáveis. Regra geral, procura responder a dois tipos de pergunta: que programa é capaz de realizar objetivos pré fixados ao menor custo possível ( por exemplo, o custo mais baixo por vida salva); ou, alternativamente, que tipo de atividade permite maximizar os benefícios de uma dada verba ? Em cada caso, fixa-se um dos parâmetros, avaliando-se, respectivamente, qual dos programas maximiza os benefícios ou minimiza os custos.
- Aumento da expectativa de vida da população;
- Avanços tecnológicos no campo do diagnóstico e tratamento: doenças antes incuráveis ou fatais passam a ter cura ou são passíveis de tratamentos que prolongam a vida;
- Aspirações da população e facilidades de acesso.
- restrição ao acesso;
- criação de fatores moderadores de co-participação no custeio;
- exclusão do atendimento de algumas patologias como doenças pré-existentes, infecto-contagiosas e outras;
- exclusão do atendimento de procedimentos que implicam em novas tecnologias enquanto se desconhece seu impacto no custo: transplantes de órgãos, videolaparoscopias, ultrassom, escleroterapia e outros.
- PRIMARY CARE PHYSICIAN (PCP) – medicina geral, médico de família (triagens).
- HOME CARE (HC) – tratamento domiciliar, com suporte de profissionais especializados, em pacientes com patologias que geram longos períodos de internamentos. Pacientes crônicos e/ou idosos.
- DAY HOSPITAL (DH) – manutenção do paciente no hospital por período inferior a 12 horas, em tratamentos cirúrgicos de menor porte, a preço menor do que o de uma internação, sem perda de qualidade e com menor risco de infeção hospitalar.
- CASE MANAGEMENT – monitoramento de casos e ação sobre estes antes de agudização.
- MÉDICO VIRTUAL – utilização de recursos da informática e robótica para monitorização de tratamento de pacientes sem a presença do especialista.
- GATE KEEPER – adoção de portas de entrada ao sistema de saúde, estabelecendo melhores parcerias e rede preferencial de assistência.
- MANAGED CARE – gestão de gastos em saúde, baseada em sistemas de informações gerenciais, que através da adoção de múltiplas ferramentas técnico-gerenciais, busca promover e estimular práticas médicas resolutivas, que evitem o desperdício dos recursos disponíveis mantendo o compromisso com a qualidade de vida da população assistida. Esta forma de gerenciamento se propõe : atender as necessidades e desejos dos pacientes (“market-oriented”), modificar o comportamento do médico, garantir sucesso financeiro às empresas, influenciar comportamento do paciente, reduzir riscos através de protocolos clínicos baseado em evidências.
- HEALTH MAINTENANCE ORGANIZATION (HMO) – modelo de medicinas de grupo americanas, implantado na década de 30 e regulamentada na década de 70. Estabelece critérios-padrões de atendimento por tipo de doença.
- PREFERRED PROVIDER ORGANIZATION (PPO) – modelo americano que utiliza redes provedoras regionais e negocia novas formas de remuneração médica, que compartilham riscos e adotam protocolos restritos ao consumo indevido de serviço de saúde.
- CAPITAÇÃO – substituição do pagamento por procedimento por um valor “per cápita” por beneficiário, repassado ao prestador, que passa a “administrar a saúde” deste beneficiário . Esta forma de pagamento é usada nas HMO´s/EUA e nas NHS/Inglaterra;
- TABELA DE PAGAMENTO DE CUSTO-PADRÃO POR DIAGNÓSTICO- usado pelo Medicare/EUA desde 1983 e as AIH´s (autorização de internamento hospitalar) desde 1981 pelo então INAMPS/Brasil e hoje ainda usado pelo SUS/Brasil.
- ORÇAMENTO GLOBAL – orçamento fixo para cada estabelecimento de saúde, deixando que a administração do estabelecimento/rede de serviços defina os meios para garantir a cobertura. Esta modalidade de pagamento é usada pelo Sistema Nacional de Saúde da Inglaterra.
- CONTRATOS DE GESTÃO - estabelecimento de contrato de gestão com hospitais que passam a ter compromisso com metas de produtividade relacionadas com repasse de recursos e flexibilidade administrativa, modelo este, praticado nos Hospitais Públicos da França.
- Um sistema de informações gerenciais estruturado em dados com base histórica e em relatórios ágeis que reflitam a evolução do comportamento dos usuários e dos provedores de serviços;
- estudos para redefinição da arquitetura de seu convênio, tendo como base as tendências mundiais de evolução do custo saúde;
- padronização dos instrumentos de coleta de informações;
- buscar a criação e a operação de Câmaras de Compensação de Contas Médicas informatizada;
- implantação de medidas de auditoria, controle, avaliação e permissionamento de procedimentos médicos, em tempo real dos acontecimentos;
- promoção de medidas preventivas e educativas, tais como criação de grupos específicos de : diabéticos, hipertensos, obesos, fumantes e outros;
- gerenciamento da “ cesta de benefícios” oferecida pelo Plano, co-responsabilizando financeiramente o usuário na utilização de ações e serviços de saúde;
- gerenciamento da prescrição do médico – o encontro clínico entre médico e paciente, o processo clínico, o sistema integrado de saúde – co-responsabilizando financeiramente o médico e os demais prestadores na utilização de ações e serviços.
NOVOS PRINCÍPIOS DE AÇÃO NA GESTÃO DE CUSTOS
O atual cenário econômico relativo a gestão em saúde, nos leva a pensar em novos princípios de atuação que conciliem interesses da classe dos prestadores de serviços de saúde, dos serviços de saúde e dos planos de saúde, introduzindo o compartilhamento de riscos e o acompanhamento de custos, visando oferecer uma assistência à saúde com qualidade, resolutividade, eficiente e eficaz. Para tanto é necessário que ocorram mudanças na atual prática de gestão em saúde, conforme proposto no quadro abaixo :
P R Á T I C A S A T U A I S |
N O V O S P R I N C Í P I O S |
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Empresa Parceira